Do Casamento e do Divórcio.
Publico texto do blog Belvedere, do irmão Eliseu
Antônio Gomes (http://belverede.blogspot.com.br/2013/04/conflitos-na-familia-licao-n-5-ebd-cpad.html)
e abaixo faço algumas considerações:
"Em minha vida de cristão, algumas vezes
tive a oportunidade de conversar com casais em conflito matrimonial. A fonte do
desentendimento em quase todos os casos era uma interferência externa na
vida à dois. O marido que não abre mão de passeios com os colegas solteiros da
empresa às sextas-feiras; a sogra do homem ou da mulher opinando no novo lar.
Em suma, quando um dos cônjuges põe seu par em segundo plano a crise se
estabelece. Notei que todos os casais que usavam o vocabulário
"separação" durante as brigas, até mesmo apenas como uma arma de
ameaça, como uma forma de atalho à solução de problemas, divorciaram-se.
O divorcio será abordado em outra ocasião com
maior profundidade. Por enquanto, lanço uma prévia introdutória.
O tema divórcio quando analisado à luz
bíblica sempre causa impacto na sociedade e na vida de muitos cristãos. A
geração que está distante do Senhor considera as diretrizes bíblicas polêmicas
e dispensáveis, procuram trechos na Bíblia para usar como base que justifique
sua separação, enquanto muitos outros cristãos estão confusos devido às
abordagens superficiais sobre o assunto.
Os judeus maltratavam suas esposas.
Casavam-se com elas em sua juventude e com o passar dos anos pediam carta de
divórcio para atar-se em outro matrimônio com mulher mais jovem. (Provérbios
5.18; Malaquias 2.14). O repúdio, motivado pelo envelhecimento ou quaisquer
outros banais, ocorria devido ao estigma que o sexo feminino sofria por causa de
Eva, induzida ao engano pela serpente no jardim do Éden.
Como profeta, Moisés foi autorizado por Deus
a conceder o divórcio. A concessão aconteceu por causa de homens duros de
coração.
O tempo do Antigo Testamento foi um período
em que a mensagem do Senhor é considerada sombras daquilo que viria a ser
apresentado de forma perfeita. Embora não possamos desprezar as páginas
veterotestamentárias, precisamos ter consciência que os cristãos não são
dirigidos pela sombra da Lei, mas por Aquele que é a Luz do mundo, nosso Senhor
e Salvador Jesus Cristo (João 3.19; 9.5; Colossenses 2.15-17; Hebreus 10.1).
"A Lei e os Profetas vigoraram até João;
desde esse tempo, vem sendo anunciado o evangelho do reino de Deus, e todo
homem se esforça por entrar nele" - Lucas 16.16.
Jesus se fez homem para cumprir exemplarmente
a Lei de Moisés em nosso lugar, nos desobrigando das práticas e do peso dos
rituais judaicos, e nos livrou da maldição eterna que nos condenava. Desde
então, a Igreja tem a oportunidade de permitir ser dirigida pelo poderoso
Evangelho da Graça, seguir os essenciais ensinamentos do Filho de Deus, que é o
único Caminho, a Verdade e a Vida Eterna.
Cristo esclarece sobre o divórcio. Revelou
que não concordava com a cultura da sociedade judaica, que estigmatizava a
mulher ao ponto de ela ser discriminada e não contada na genealogia dos
hebreus. A dinâmica do Evangelho coloca marido e esposa em condições de
igualdade, ambos estão obrigados a valorizar a instituição do casamento até a
morte. A separação por motivos banais não é permitida aos dois. Segundo o
entendimento que podemos extrair do Evangelho da Graça é que, o divórcio
concedido por Jesus, só é permitido ao homem que foi traído pela esposa que
cometeu relação sexual ilícita, e não tem condições de perdoá-la se ela se
arrepender do pecado. No caso em que o marido é o adúltero e a esposa traída
não quer perdoar, a mesma poderá separar-se por ser vítima de traição conjugal.
Entretanto, tanto o homem quanto a mulher que não quiser reconciliar-se, estará
cometendo adultério juntamente com quem vier a casar-se.
Orientação de Jesus: "Eu, porém,
vos digo: quem repudiar sua mulher, não sendo por causa de relações sexuais
ilícitas, e casar com outra comete adultério e o que casar com a repudiada
comete adultério" - Mateus 19.9.
Os ensinos de Pedro e Paulo sobre o casamento
incentivavam a união conjugal, inclusive se um dos cônjuges fosse descrente:
"Igualmente vós, maridos, coabitai com
elas com entendimento, dando honra à mulher, como vaso mais fraco; como sendo
vós os seus co-herdeiros da graça da vida; para que não sejam impedidas as
vossas orações" - 1
Pedro 3:7.
"Ora, a mulher casada está ligada pela
lei ao marido, enquanto ele vive; mas, se o mesmo morrer, desobrigada ficará da
lei conjugal. De sorte que será considerada adúltera se, vivendo ainda o
marido, unir-se com outro homem; porém, se morrer o marido, estará livre da lei
e não será adúltera se contrair novas núpcias" - Romanos 7.2-3.
"Ora, aos casados, ordeno, não eu, mas o
Senhor, que a mulher não se separe do marido. ( se, porém, ela vier a
separar-se, que não se case ou que se reconcilie com seu marido ): e que o
marido não se aparte de sua mulher" - 1 Coríntios 7.10-11.
"Aos mais digo eu, não o Senhor: se
algum irmão tem mulher incrédula, e esta consente em morar com ele, não a
abandone. E a mulher que tem marido incrédulo e este consente em viver com ela,
não deixe o marido. Porque o marido incrédulo é santificado no convívio da
esposa, e a esposa incrédula é santificada no convívio do marido crente. Doutra
sorte, os vossos filhos seriam impuros; porém, agora, são santos. Mas, se o
descrente quiser apartar-se, que se aparte; em tais casos, não fica sujeito à
servidão nem o irmão, nem a irmã; Deus vos tem chamado à paz ... A mulher está
ligada enquanto vive o marido; contudo, se falecer o marido, fica livre para
casar com quem quiser, mas somente no Senhor. Todavia, será mais feliz se
permanecer viúva, segundo a minha opinião; e penso que também eu tenho o
Espírito Santo" - 1
Coríntios 7.12-15, 39-40.
Deus é coerente, vivemos no período da Graça
Divina, quando Deus nos concede a liberdade plena. A Graça possui parâmetro,
que é a Lei de Cristo (Gálatas 6.2). Não devemos ser infratores da Lei do
Senhor de maneira alguma. Uma das formas de desobedecê-la é aborrecer o cônjuge
por causa de sentimentos inúteis. É preciso decidir amar, saber que o amor
produz resultados positivos em crises de relacionamentos.
Deus nos deu o casamento e também condições
para viver acompanhado de uma pessoa pelo resto da vida. O coração do cristão
deve ser límpido, tem a incumbência de apoiar sua companhia matrimonial.
Não convém folhear as páginas bíblicas
buscando aval para divorciar-se, mas para encontrar uma mensagem de restauração
matrimonial. Porque não existe entornos no Caminho para o céu. Se o cristão
casado se sentir extenuado pelos anos que se passam, precisa lembrar-se que a
existência não termina aqui, além-túmulo todos que desprezam a Palavra do
Senhor terão que prestar contas ao Autor da Palavra, todas as decisões de
rebelião ao projeto do casamento virão à tona e cada ser humano receberá medida
justa pelos rumos que resolveu caminhar neste mundo."
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Reproduzo um trecho do post para depois
comento:
"Segundo
o entendimento que podemos extrair do Evangelho da Graça é que, o divórcio
concedido por Jesus, só é permitido ao homem que foi traído pela esposa que
cometeu relação sexual ilícita, e não tem condições de perdoá-la se ela se
arrepender do pecado. No caso em que o marido é o adúltero e a esposa traída
não quer perdoar, a mesma poderá separar-se por ser vítima de traição conjugal."
Não vejo no texto Jesus permitindo que
pessoas casadas repudiem seus cônjuges. Porque que se vê essa cláusula de
repúdio apenas no evangelho de Mateus (5:32 e 19:9)?, creio que porque esse
evangelho tinha um público alvo: os judeus. Não se vê essa cláusula nem em
Marcos 10, nem em Lucas 16. A questão do repúdio em Mateus era uma questão
cultural no caso de "porneia" (relação sexual entre pessoas
descasadas, porém desposadas, como era o caso de Maria - lembrem-se que
Jesus foi acusado de ser filho de "porneia" - Vós fazeis as obras do
vosso pai. Disseram-lhe, pois: Nós não somos nascidos de prostituição; temos um
Pai, que é Deus - João 8:41). O que ia se casar deveria chegar ao casamento
virgem, não podia ter cometido "porneia", do contrário haveria
sanções, por exemplo, repúdio. Houve uma fragilização muito grande quando as
versões mais recentes da bíblia traduzem "porneia" como relações
sexuais ilícitas, incluindo dentre elas o adultério. diz uma coisa que o texto
não está dizendo.
Sobre as expressões: "não tem
condições de perdoá-la" e "esposa traída não quer perdoar"...Como
assim? Isso é uma franca desobediência ao Senhor da Palavra. Perdoar é um
mandamento do Senhor. "Então Pedro, aproximando-se dele, disse: Senhor,
até quantas vezes pecará meu irmão contra mim, e eu lhe perdoarei? Até
sete?" Mateus
18:21; nós sabemos a resposta.
Assim, o perdão é o antídoto contra o divórcio.